Meu mundo

Por vezes a ansiedade dela ataca, deixa fora de conexão. Eu amo ela e quando ela me liga com aquela voz triste eu já sei, as coisas não estão boas.
Sabe, ela é forte, você não faz ideia do quanto ela é forte. O que ela já me contou sobre o que passou na cabeça dela eu fico preocupado, fico triste e feliz. Preocupado porque eu adoraria cura-la para que ela nunca mais sentisse ou pensasse tudo o que ela pensa e sente. Triste por saber que ela passa por tudo isso e eu me sinto de mãos atadas e feliz por saber que ela é forte para vencer e sobreviver, forte para lidar com isso sozinha sempre que é necessário.
Eu amo ela e por vezes ela me liga e sem precisar dizer ela me pede ajuda, eu paro o que estou fazendo e vou até ela, corro para chegar o mais rápido que posso, nesse momento eu me transformo no super homem e saio voando ao seu encontro. Quando chego a encontro sentada no sofá, enrolada nas cobertas, me sento junto e a abraço forte. Então vou no ouvido dela e digo: esse é o meu abraço, enquanto você estiver nele não existem sentimentos ruins e nem pensamentos ruins. Somente eu e você!
Nessa hora eu sinto ela me abraçar com tanto força que sinto meu corpo inteiro apertar. Meu coração aperta, ela precisava disso, então eu ouço suas lágrimas e nesse instante eu abraço ainda mais forte e deixo ela por para fora tudo que a aflinge. Eu a amo muito, não há nada que eu não tente para ela ficar bem. No fim, isso a revigora e ela está sorrindo de novo, feliz.
As vezes eu durmo com ela, quando eu sinto que a noite pode ser mais fria do que o clima, eu fico com ela. Uma vez, quando dormi com ela, no meio da noite ela acordou e ficou se mexendo para um lado e para o outro o que me fez acordar, a abracei e perguntei o que estava havendo, ela baixinho disse que as coisas ruins estavam tentando entrar na cabeça dela. No início eu não soube o que fazer, talvez nem quando fiz eu sabia o que estava fazendo. Pedi para ela sentar na cama e de olhos fechados me contar o que ela estava sentindo. Ela começou a dizer que uma tristeza enorme tomava conta dela, que algo apertava seu peito como se algo estivesse sobre o mesmo e não conseguia pensar direito. Enquanto isso, eu havia pegado nossas cobertas e ainda sentados nos cobri. Com um beijo terno pedi para que abrisse os olhos, dentro das cobertas estava tudo escuro, senti quando suas mãos trêmulas procuravam por mim. Disse a ela para olhar para frente e que respirasse fundo, ela fez de imediato e nesses segundos peguei meu celular e liguei a lanterna, seus olhos se abriram com o brilho da lanterna e olhei diretamente neles, ela parecia querer chorar. Nessa hora peguei a mão dela e levei ao meu peito, bem em cima do coração e disse que nós estávamos no igloo dimensional, que dentro daquelas cobertas estávamos numa dimensão paralela criada por mim e nada de mal podia entrar. Ali, naquele igloo feito de tecidos, um selo mágico feito com as batidas do meu coração que naquele momento e com a mão sobre meu peito era marcada pelo o selo e que só ela podia entrar naquela dimensão e que aquela marca estaria com ela aonde fosse e que sempre que algo de mal quisesse se aproximar, era somente ela por a mão sobre seu peito que ouviria as minhas batidas e estaria protegida.
Ela sorriu e olhar de choro se desfez, tirou a mão sobre meu peito e colocou sobre o dela e sorriu de novo, deitando-se no meu colo e dormindo. Lembro que nesse dia, depois que ela dormiu eu chorei em silêncio, dentro do igloo da proteção que eu tive desfazer porque o ar começou a ficar escasso. Ainda no meu colo eu a cobri e ainda em silêncio continuei chorando, não de tristeza pelo o que ela passava, afinal, ela é forte e sempre enfrentou e venceu tudo isso sozinha, eu chorei por todas as vezes que fui forte por ela, chorei por não saber o que fazer e mesmo assim fazer e fazer certo. Chorei de felicidade, chorei por amar tanto ela. Chorei, para que ela não precisasse mais chorar. Minha última lembrança foi de dormir nessa posição com ela.
Você pode pensar que essas são palavras tristes, mas não, são palavras de admiração e orgulho. São palavras para dizer o quão ela é forte e o quanto eu a amo. Ninguém tem que carregar uma cruz sozinho, sempre vai ter alguém para ajudar quando mais precisar. Por mais forte que ela seja, as vezes não depende dela, quando tudo fica escuro, como no igloo quando ela abriu os olhos e se assustou e procurou por mim, é nessas horas que você precisa de alguém que seja a luz. No mais, eu a amo muito, ela é uma sobrevivente. Ela é poderosa!

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