Se

Naquele dia eu não parava de pensar nela e de certa forma era estranho, tentava pensar menos naquela que me fazia sentir borboletas no estômago, era começarem a voar que junto do bater das asas viam rimas para se juntar. E quando isso acontecia, era um dia inspirado.
Debruçado na janela, ao estilo "namoradeira" eu me deixava perder, de posse do meu caderninho de poesias me colocava a escrever sobre ela. Eu escrevia querendo senti-la, tocava o caderno com a ponta do lápis e deslizava como se a pudesse tocar de verdade. Fechava os olhos e sentia teu cheiro tão perto, jurando que ela estava comigo. Quando ela vem em mim é sempre assim, total conexão. A noite começava a surgir e a lua mostrava sua face, havia terminado mais uma rima e me vi olhando atentamente aquele astro brilhante, queria que fosse uma estrela cadente para pedir que estivesse comigo. Me desfiz de qualquer pensamento contrário e olhando para a Lua abri meu coração, talvez ela compadece-se e me trouxesse ela.
O tempo havia passado, quando ela vem não há tempo, não há espaço, eu me deixo levar. Deitado em minha cama me via a sonhar acordado, meu celular tocava uma música lenta, me preparava para dormir até sentir meu vibrar com uma notificação. Era Ela!
Parte de mim estava em êxtase, outra em tentava manter a calma. Era apenas um "Oi", no entanto, era uma mensagem dela, talvez a Lua realmente quis me ajudar e levou meu desejo até teu coração, não sei. 
- Oi, como você tá? - era a mensagem, como de costume.
- Eu tô bem... - na verdade queria dizer que estava mais feliz que pinto no lixo, porém, calma. - Você sumiu...
Alguns minutos se passaram e na via mensagem dela, meu peito apertava, será que minha felicidade era em vão?
- Eu sei, desculpa. Muita coisa acontecendo, eu não tive como falar contigo. - Não importava nada para mim naquele momento, só queria estar com ela, eu sabia dos contratempos, entendia sumissos e a saudade que vinha constantemente.
Nas horas que se seguiram eu fui dela, separados por um celular, conectados pela alma, a gente se fazia perto mesmo não sendo, eu me sentia feliz.
- Tava com saudade de ti... - no meu peito já não batia um coração, havia se derretido a muito tempo. No meu quarto só a luz do celular iluminava tudo, já nem sabia mais que horas eram, pela janela via estrelas brilharem mais intensamente por uma pequena parte que minha visão alcançava da cama. Olhava de volta para o celular e minha vontade era de abraca-la enquanto também dizia que estava com saudades. - Posso te perguntar uma coisa?
- Claro que sim! - a curiosidade me tomava por completo, havia me levantado e voltado para a janela, "namoradeira" estava de volta a luz do luar, meu peito queimava.
- Você sabe onde eu moro né?
- Sim, porque? - minha mente ansiosa havia pensado em milhões de motivos para aquela pergunta no segundo seguinte que havia lido. Tentava manter meu coração calmo, era difícil quando estava com ela, mas fazia o possível para me perder. 
- Vem aqui... - eu confesso, nessa hora não havia mais chão, meu coração que havia ido, voltava a bater descontroladamente. A calma havia dado espaço a adrenalina, por um instante não soube como reagir, acho que mesmo com a decisão tomada depois eu ainda não sabia como reagir. Dentro da minha mente eu calculava as possibilidades, planejava uma maneira de sair sem que meus pais descobrissem, por outro lado pensava que isso era errado e sair naquela hora pudesse ser perigoso. Era de madrugada, o silêncio reinava nas ruas, não precisava de relógio para saber que já era tarde, dentro de mim eu já sabia a resposta.
- Estou indo, me aguarda na porta do teu prédio.
Sai como um ninja, botei o celular no bolso e nem vi se tinha outra mensagem dela, adrenalina pulsava nas minha veias. Eu não sabia o quanto eu podia ser silencioso, abri as portas e o portão da rua com o maior cuidado possível. Vesti meu moleton, olhei o mundo a minha volta e não havia nada, então eu corri, corri como nunca havia corrido na minha vida. Ela não morava longe, algumas quadras de mim, sabia seu prédio de cor, as vezes me pegava olhando para as janelas tentando a sorte de vê-la, mesmo que de relance. Talvez um poder superior quisesse tudo isso, que eu fosse até ela, pois, não havia uma alma sequer naquele momento na rua, anormal para o lugar onde moramos. Comecei a pensar que a Lua era minha protetora e que no fim daquela corrida estaria aquela que faz meus dias mais bonitos. Quando cheguei na última esquina, era cruza-la que estaria em frente a porta do prédio dela, pensei por um instante olhar o celular e mandar uma mensagem, nem foi preciso, meus olhos se fizeram fixos em alguém parado no portão dela, me esperava sentindo um pouco de frio. Apertei um pouco mais o passo e atravessei, seus olhos chegaram aos meus e me perdi no tempo mais uma vez.
- Você veio mesmo! - meu coração batia forte, adrenalina me tomava, respirava ofegante. - Meu Deus, porque você veio correndo? Você é louco...
De mãos dadas podia sentir o calor que vinha dela, me guiando pelas escadas até o apartamento eu não sentia meu corpo, minha visão um pouco embaçada piorava as coisas.
- Respira com calma, senta aqui no sofá. - de olhos fechados tentava me controlar, meu peito ardia e o ar faltava. Senti suas mãos me tocarem a face, aquele carinho me acalmava, passava pelo meu rosto e terminava alisando meus cabelos. Adrenalina ainda em maior quantidade brigava com todos os outros sentimentos. 
Minutos haviam se passado, ela ali, tinha minha cabeça sobre seu colo. Eu tinha quase tudo sobre controle, o ar enchia meus pulmões, meu coração batia o mais calmo possível. Sentir o carinho dela me fazia viajar, por mim ficaria assim para sempre.
- Tá melhor? - perguntou ela me fazendo cafuné.
- T...Tô sim, achei que fosse ter um troço.
- Imagina se você realmente tivesse tido um troço? Ia ser culpa minha... - nesse instante eu abri os olhos e cruzei com os dela, havia sido uma atitude impensada. 
- Desculpa. - ainda olhando para ela eu não sabia o que dizer, eu que brincava com as palavras sabia o que falar. - Eu corri porque eu queria muito te ver, corri porque não queria perder mais tempo, corri porque não queria que nada atrapalhasse, corri porque me chamou e não importa onde você esteja, eu corro até você.
Ela sorriu.
- Ok Don Juan, ainda bem que você tá melhor, não faz isso de novo. - disse ela me dando um tapinha na testa.
- Mas não precisa bater. - retruquei sorrindo, me sentei ao lado dela no sofá, nos olhamos e demos uma boa gargalhada. 
- Eu não acredito que você veio mesmo. - ela me olhava, da mesma forma que eu olhava para ela, incrédulo.
- Eu também não acredito que eu tô aqui. - eu a olhava e dentro de mim crescia a vontade de beija-la, tão perto de mim, tão próxima aos meus carinhos. Alisei sua face, da mesma forma que Havaí feito comigo, tirei uma parte do cabelo que cobria o rosto. - Você é linda.
Ela novamente sorriu, aproximou o rosto um pouco do meu, aproximei o meu um pouco do dela, sentia sua respiração quente, as vezes descompassada. Meu nariz encontrou-se com o dela e um beijo de esquimó se fez. Me perdi naquele momento, eu sorri feito um bobo. Minha outra mão segurava a dela, enquanto ainda alisava seu cabelo. De olhos abertos, sem palavras, me aproximava mais dela, ela se aproximava mais de mim, nossos olhos se fecharam e, então, nossos lábios se tocaram, um beijo tímido se fez, seguido de outro, de outro e no fim um beijo intenso, o melhor da minha vida que seguiu-se de outro melhor da minha vida. Minha mão do cabelo caminhou pelo rosto, pescoço até chegar na nuca dela, sentia uma energia me tomar. Não queria que aquele beijo acabasse.
O beijo foi desfeito, olhando nos olhos dela tudo parecia bem, não havia certo e nem errado, ali, naquele instante só havia eu e ela e para mim estava tudo bem, desde de que ela não saísse mais dos meus braços.

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