Eu sempre fui dela

Eu sempre fui apaixonado por ela e jamais escondi isso. Os anos nos colocaram como amigos, sempre que podíamos ficávamos um tempo juntos curtindo a companhia um do outro. Nunca perguntei, mas provavelmente o namorado dela não sabia nada disso, eu sabia o quanto isso era errado, porém, me via a mercê de tudo quando podia estar com ela. Por vezes desmarquei encontros para ir até ela quando ele não estava e passamos bons momentos. Como disse antes, somos amigos e jamais tentei algo com ela, nem mesmo quando podia antes dela namorar. Eu sei, idiota.
Tínhamos uma conexão muito boa, as horas passavam tão rapidamente que não queria que acabasse. Risadas, causos, tudo junto numa obra de arte que me encantava a vida, tínhamos até uma série nossa. Enfim, tudo vivia no lugar certo em minha vida, tinha com ela algo que não precisava buscar em outra pessoa, mesmo que por tempo limitado. Eu me fazia dela e ela, por um instante se fazia minha.
Era um dia como qualquer outro, já fazia um tempo que a gente não se falava, sentia falta do tempo com ela e por um momento achei que ela pudesse ler pensamentos, pois, assim que seu nome surgiu em minha mente uma mensagem se fez no meu celular, era ela.
Nunca soube de fato do que o namorado dela trabalhava, não fazia questão de perguntar, nossos momentos era tão raros que só queria saber de estar com ela, então quando chegava mensagem dela eu sabia que iríamos nos ver e dito e feito. Como sempre, eu iria para a casa dela por volta das 21 horas, até essa hora eu me sentia um adolescente mais uma vez, ficava nervoso e imaginando como seria aquela noite. Eu evitava pensamentos que me trouxessem a possibilidade de beija-la, as vezes acontecia, no entanto eu reprimia.
Passar tempo com ela já me era o bastante, passei do dia me preparando e estranhamente me pagava sorrindo feito um idiota. A hora havia chegado e rumei até sua casa, excluía da mente tudo de errado daquele momento, só pensava nas próximas horas.
Quando cheguei ela me recebeu tão linda, até brilhava. Aquela mulher tinha a beleza como seu dom, não precisava de muito para me ter e dona de um sorriso que, putz, me quebrava. Nós abraçamos forte e pelas próximas horas só existia ela para mim.
Conversamos muito, rimos, comemos uma pizza e fomos assistir nossa série. Até parecia que éramos um casal, eu encarava como tal mesmo que não nos beijasse-mos ou fizessemos quaisquer outras coisas do gênero, conviviamos com um nós momentos que passávamos sozinhos.
Não me lembro que horas eram, havia desligado meu celular para que não houvessem interrupções, eu estava completamente fora do mundo. Já havíamos terminado de assitir todos os episódios da nossa série e naquele momento estávamos deitados no sofá da sala, ela com a cabeça sobre meu peito, compartilhava-mos um fone de ouvido, uma música romântica bem calma tocava e meu coração estava alegre. Fazia carinho nos cabelos dela enquanto sentia sua respiração quente ultrapassar a minha camisa e tocar a pele. Ah como eu adorava aquele momento!
A luz da tv iluminava um pouco o cômodo, o bastante para vê-la se levantar e apoiar os braços sobre mim, assim me olhando nos olhos.
Parte dos cabelos dela caia sobre o rosto, era incrível como ela estava linda, a meia luz parecia um romance hollywoodiano e naquele instante uma vontade enorme de beija-la surgia em mim. Toquei tua face e a vi sorrir, tirei os cabelos do rosto dela e aquela vontade quase me tomava. No momento seguinte a vi se levantar rapidamente, quebrando o momento.
- Onde você vai? - perguntei assustado.
Ela caminhou para o quarto e se trancou lá dentro. Meus pensamentos não paravam, talvez eu tivesse feito algo errado, aliás, toda a situação era errada de muitas maneiras. Pensei por diversas vezes que tudo acabaria ali e que tudo havia se perdido. 
Não demorou muito e a porta do quarto se abriu, meu coração bateu mais forte, aliviado. Meus olhos seguiram para onde ela se encontrava, do quarto ela saia a passos calmos e estacou a minha frente, trajava uma lingerie de renda vermelha, não sabia aonde olhar. Era tão bela a minha frente, aquela vontade me transbordava como oceano. Meus olhos se fixaram aos dela, pude sentir seu nervosismo e via seu rosto corar um pouco, o mesmo acontecia comigo.
- Na... Não existe mundo, pessoas, horas, nem nada. Só nos dois, eu sou sua... - aquelas palavras entraram pelos meus ouvidos e chegaram até meu coração, não pensei e naquele oceano eu me joguei desaguando nela o beijo que sempre quis dar. Segundos, minutos eu já não sabia o quanto aquele beijo durava, seus lábios nós meus era visto e revisto pela minha mente, ela me abraçava forte, suas mãos me alisavam as costas por debaixo da camisa, sentia suas unhas cravando em minha pele.
Mãos e lábios não eram o suficiente para explorar cada canto dela. Eu não queria que aquilo acabasse, sentia a maciez e a suavidade da sua pele junto da minha, o calor tomava nós dois. No êxtase do momento, ela sobre mim, seus cabelos caiam sobre os ombros e cobriam parte do rosto. Seus olhos fixos aos meus, não haviam necessidade de palavras naquela hora. Toquei seu rosto, alisei os lábios dela com o polegar e nos beijamos mais uma vez e outra e outra vez.
Não sei que horas eram mas ainda era noite, acordei e a vi deitada com a cabeça sobre meu peito, por vezes me peguei tendo esse tipo de sonho e quando acordava me sentindo feliz e triste comigo mesmo, desta vez, felicidade era tanta que mal cabia em mim. Levei uma das minha mãos sobre a cabeça dela, adorava fazer carinho nela.
- Tá acordado? - perguntou ela, assim que sentiu meu toque.
- Acabei de acordar... Você não dormiu? - perguntei continuando o carinho.
- Não consegui...
- Porque? O que se passa nessa cabecinha? - indaguei sorrindo.
- Como vai ser amanhã de manhã? - meu sorriso se desfez, não parei o cafuné. Meu peito apertou, senti o coração dela bater forte bem perto do meu, até aí sintonia. 
- Eu não sei... - ela se levantou e apoiou o queixo em meu peito, me olhando. Procurei pelo o abajur no criado mudo ao lado da cama e a luz se fez iluminando aquela belos olhos, podia ver aflição neles. - Como você disse, não há mundo, não há pessoas, não há horas e nem nada. Amanhã de manhã tudo vai estar como sempre esteve.
- Tá tudo bem pra você? - olhava fixamente em seus olhos, não conseguia acreditar em tudo que acabava de viver com ela, talvez até fosse mais um sonho meu e pela manhã eu acordaria como já acordei tantas vezes. No fim, não estava tudo bem para mim, eu queria mais daquilo tudo, dos momentos que sempre vivíamos e desse novo momento, porém, ela nunca foi minha por mais que eu sempre tivesse sido dela. Não havia escolhas a fazer, olhando aqueles olhos eu fiz que sim com a cabeça. Ela sorriu e beijou-me peito, bem perto do coração me abraçando logo em seguida, retribui o abraço com um mais forte ainda e desejei que aquela noite nunca acabasse.

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