Um porto seguro

"Sonhei com você! Quando eu te ver, vou te contar."
Era essa a mensagem no meu celular pela manhã.
O dia passou tranquilo, passei a grande parte dele imaginando o que ela havia sonhado. Ela não tinha o costume de falar sobre os sonhos e qualquer coisa do gênero, na verdade, por vezes, ela mesma disse que não sonha e quando sonha não lembra. Enfim, a curiosidade me tomou por inteiro.
A noite caia e não demorou muito estávamos juntos, ela sem demora pois-se a contar sobre o sonho.
"Estávamos na época dos cavaleiros e eu era uma princesa guerreira que iria salvar um príncipe que vivia preso em enorme castelo..."
Ela começou contando, uma risada escapou-me, o que fez parar de falar no mesmo instante, me lançando um olhar frio e cortante.
"O que foi? Somente donzelas podem ficar presas em castelos e serem salvas por príncipes?! Seu machista opressor!"
Me calei e com gesto tranquei minha boca, ela me olhou e com um sorriso meneou a cabeça em positivo, como se dissesse "isto mesmo, pianinho!"
"Eu enfrentei muitos monstros, outros cavaleiros, inimigos e todo tipo de perigo para chegar até o castelo."
Enquanto contava suas aventuras, ela fazia questão de não somente descrever, mas de fazer os sons também. No começo eu não estava tão animado com esse sonho, mas agora me via encantado como ela me contava.
"Teve um monstro, muito grande que precisei do meu Pégaso para vence-lo. Voei sobre a cabeça dele e com só golpe o venci e com essa vitoria cheguei até o castelo do belo príncipe aprisionado."
Eu estava adorando os gestos que ela fazia para descrever melhor as batalhas, eu sorria e me encantava até mais.
"No castelo então teve início a última batalha, todos os cavaleiros que haviam tentado me parar se juntaram, porém, nada fizeram. Um ataque vindo do nada os derrubou, o velho mago que ali vivia os havia vencido, no entanto, engana-se pensar que ele viera ao meu auxílio..."
Meus olhos focados esperavam pelo grande final.
"Começamos a brigar e com muitas magias o velho mago tentava me vencer, contudo, eu trazia comigo um grande poder. Coragem e esperança. Havia vencido tudo em meu caminho, não seria agora que fraquejaria. Joguei contra ele uma de suas magias que o petrificou em instantes e com soco eu quebrei em milhões de pedaços. No fim, a porta do local onde o príncipe estava aprisionado se abriu, assim que entrei o vi deitado sobre a cama, parecia dormir, mas estava muito paradão para um mero sono. Chegando mais perto pude ver melhor, era você! Sem demoro lhe dei um beijo apaixonado e seus olhos se abriram e assim meu sonho chegou ao fim."
Eu realmente não pensava que fosse gostar tanto de ouvir sobre esse sonho, mas amei cada pedacinho. Ela se sentou ao meu lado e me abraçou forte.
"Obrigado por me ouvir, nunca contei meus sonhos para ninguém, sempre os achei bobos e muito viajados."
Me senti honrado em ser o primeiro a quem ela compartilha isto. Senti que havíamos nos conectado mais um pouco, ela podia falar e ser o quiser comigo, afinal, a gente procurar por alguém que possamos ser nós mesmos e ela se sentia assim a meu respeito e eu adorava.
Olhando em seus olhos, acariciei seu rosto e beijei com ternura e disse que sempre que tivesse sonhos poderia me contar, percebi seu olhar mudar, uma felicidade enorme surgir neles, por um instante senti um suor frio correr pela espinha.
"Sério? Eu tenho muitos sonhos assim e lembro de muitos deles, teve um que foi assim..."
Calei sua boca com um beijo e em seguida pedi para que ela esperasse uns minutos antes de começar a contar, de imediato ela não entendeu. Fui até a cozinha e preparei uma bacia enorme de pipoca e voltei correndo para a sala e me sentei.
"Então Princesa, qual a próxima aventura?" Perguntei e em seguida vi o que talvez fosse o sorriso mais lindo que vi naquele rosto, poderia jurar que por trás daquele sorriso ela dizia "Eu te amo".

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