Vivendo entre o amor e o vazio
Como diria Nietzsche: "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você."
O vazio dentro de mim que encontrei nesses últimos tempos se tornou o abismo que sem perceber me peguei observando por muito tempo. Disfarçado de insegurança, medos e até dos meus melhores sentimentos, ele vinha até mim e me abraçava nos momentos de fraqueza.
O vazio que instaurou-se em mim, me consumia de forma que eu, na minha cegueira fazia questão de não enxergar. Me cobri com um sentimento mais forte que o vazio nesses anos todos para não senti-lo, para que, de forma anestesiada, pudesse encarar a realidade que me encontrava.
Amor, o sentimento mais forte que qualquer coisa. Foi com amor que cobri o vazio. Amor era a esperança das coisas mudarem e eu pudesse ser feliz. Amor, era o que me levava a outras dimensões, nelas vivia de forma plena e feliz com me despertava tal sentimento. Amor, era de maneira exagerada usada por mim, o método de encarar o mundo. Contudo, amor era também minha perdição, era também uma das máscaras que o vazio usava para me encantar.
Como distinguir amor de vazio, quando pelos anos você se concentrou tanto em algo, colocou suas esperanças e tudo de bom naquilo que, no fim, só existiu dentro de ti? Pergunta que era difícil de responder por mim, cego por ambos os lados.
O vazio por vezes se disfarçou daquela que o amor era sinônimo e veio até mim com o mais doce abraço. Me seduzindo e trazendo o mais terno beijo junto das mais belas lembranças que jamais existiram.
Ao mesmo tempo que o amor curava minhas feridas, me fazia feliz e motivado, o vazio vinha e abria ainda mais as feridas e fazia tudo perder o sentido. Ela em questão, não fazia ideia do que se passava em mim. Aliás, ninguém sabia, tudo era vivido dentro de mim, eu, o amor e o vazio. Um triângulo amoroso tóxico e explosivo. Tão intenso e destrutivo. Um vazio em todos os aspectos.
Alguma culpa dela nessa história toda? Sim, em alguns momentos, ela provocava o vazio, mesmo que não fosse a intenção. Acontecia.
Na grande parte dos momentos, em sua maioria, era eu, era o vazio que vinha e com as palavras certas e me seduzia. Me fazia confiante e ao mesmo tempo desesperado. Amor era a saída contra tudo, mesmo que amor também era o causador.
Você se pergunta, é assim? As coisas vão ficar de fato dessa maneira? Vazio e eu, juntos?
Sim, eu e o vazio somos o mesmo ser. Dividimos a mesma existência.
Só que, depois de tudo, da distância, das palavras, do tempo seguir seu tempo e ficar aonde o tempo tem que ficar, o vazio já não tem mais o amor para usar contra mim. O amor ainda reside em mim, afinal, já dizia Nietzsche, não tô falando que o amor também é um abismo, mas olhei tanto para ele que sinto ele em mim, não nego isso. Longos anos observando e desejando, por mais que as coisas estejam esclarecidas para mim, uma vez amor, uma vez que você o sente, ele cria morada e ali fica.
O vazio continua aqui, as vezes vem e diz que vou ser sozinho, não vou ser amado e coisas do tipo. Tenta arrumar outras formas de me seduzir, e olha, por uns segundos até consegue, agora, eu sei como o calar e assim é feito.
Se eu ainda olho? Sim, ainda olho o amor. Sem o vazio para atormentar, pelo o menos não como antes. Seria redundante falar sobre, então, eu sou amor, uma das minhas melhores definições, e o vazio ainda tem a fantasia de amor, a veste e vem até mim realmente como se fosse o amor, diz o que quero ouvir e nessa hora vejo que é o vazio. Ignoro e ele se vai.
O vazio faz parte de mim assim como o amor. Somos a mesma pessoa, não mais cego, não mais uma pedra no caminho. Aqui estou eu, no início da minha vida.
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