Para amores, não vá de mãos vazias.

"Para amores impossíveis tempo."
É o que sempre ouvi pela vida, assim como "Sábio é aquele que aprende com erros dos outros". Bom, fato é que tempo resolve as coisas, aliás, tempo e viver, não adianta dar tempo se você para nele, não é?
Enfim, eu e ela nos cruzamos sempre por causa de terceiros, nunca por vontade própria(aliás, da parte dela nunca, da minha com o tempo houveram alguns momentos que eu fiz com que nos encontrassemos). Enfim...
Sou alguns anos mais velho que ela, quando nos conhecemos, eu acabava de entrar na vida adulta e ela estava na metade da adolescência, ali, os olhos de muitos se viam encantados por ela, claro que também os meus. Eu que sempre amei por conta própria, via ela em minha frente tão bela, via também tantos tendo a iniciativa que eu não tinha e tomando "foras" que eu não tomava. Me imaginava como o cara que iria fazer o que ninguém conseguia, era só ela aparecer que eu inflava feito um pavão, sem o glamour do mesmo. Bom, para amores impossíveis, tempo. 
Não consegui nada naquela época, também pudera, por tantos outros motivos era impossível. Tempo passou, eu que de adulto só tinha o tamanho e as vezes nem isso, me via numa espécie de projeto de homem que no auge dos meus quase trinta anos era posto em prática. Um mundo de coisas aconteceu na minha vida e bom, nunca fui de aprender com os erros dos outros.
Era visto que sempre nos encontrávamos por terceiros e não foi diferente o reencontro. Eu a vi mais uma vez e agora ela já era mulher e que mulher, não digo isso devido a sua beleza que sinceramente era de hipnotizar, mas de tudo que ela se tornou, podia sentir isso a quilômetros. Durante toda essa história nos mal falamos um com outro, no máximo cumprimentos ou em raros momentos uma conversa banal. 
Falar com ela me deixava muito, mais muito nervoso e como sempre haviam outros envolvidos, acabava que me perdia neles. Mas é como dizem, para amores impossíveis, tempo.
Eu, na altura que em minha vida se encontrava já não mais amava por conta própria, aprendi a duras penas tudo que precisava a esse respeito. Então, do meu canto eu vivia e, para amores impossíveis, tempo.
Os mesmos terceiros que basicamente eram os escritores desta história se fizeram uma vez mais presentes e desta vez, estavam todos juntos, aliás, menos eu que se me lembro bem estava me arrumando em casa, já havia tomado o vigésimo banho do dia. Exagero? Sem dúvidas! Eu encontraria com ela mais uma vez e isso mexia comigo. Perto da hora de ir conferi tudo pela milionésima vez. Não se vai a uma festa de mãos vazias, para esse caso eu havia comprado eu fardo de cervejas e não, eu não bebo, ao menos não mais.
Todos estavam estavam reunidos, mau sabem eles que construíram essa história, acho que só eu que dou importância. Enfim, entrando e cumprimentando, ao chegar na cozinha lá estava ela, tão bela. Trajava uma blusinha sem mangas preta e uma mini saia desbotada. Era um encontro de amigos, algo bem informal, me achei um patinho fora da lagoa trajando meu smoking (brincadeira, não tenho smoking). Me olhou e sorriu, foi como dizer oi sem dizer oi. No fim, sobramos nos dois e passei a ela o fardo com as cervejas.
- Achei que você não viria... Que bom está aqui. - disse ela, guardando as cervejas que eu havia trago. - Quer ir tomando uma até tudo começar?
- Se for refrigerante eu aceito! - ela me olhou meio sem saber o que fazer. - Eu não bebo mais...
- Tá, mas, você trouxe cerveja e não vai beber? - eu sei, levei algo que não vou beber. Talvez eu devesse pensado melhor no que levar.
- Eu trouxe pra vocês tomarem, afinal, não se vai a uma festa de mãos vazias.
Confesso que nos segundos que seguiram eu me senti mal comigo mesmo, eu realmente poderia ter pensado melhor. Na demorou muito e o silencioso que havia se feito foi quebrado.
- Me conta, porque parou de beber?
- Bom, em miúdas, superei um amor não correspondido.
Novamente um silêncio se fez, só que dessa vez diferente, parecia compreensão. 
- Fico feliz que tenha superado, que tal comemorar isso hein? Bebe uma comigo, que tal?
Em outros tempos eu não pensaria duas vezes em fazer isso, um convite dela seria irrecusável e eu até queria, mas não.
- Olha só, querendo me levar para um mal caminho? - disse em tom de piada, ela riu.
- Uai, pelo ou menos a cerveja não ilude... - nos dois rimos. Aquele olhar dela me desmantelava, ela estava tão bonita e radiante. As palavras a seguir vieram do galanteador que eu não sabia que existia em mim.
- Se quer me levar para um mal caminho, porque não me pede um beijo? Acredito que possa melhor do que uma cerveja...
Nesse instante meu coração gelou, eu podia ouvi-lo bater pausadamente e quanto meu corpo entrava em choque. Por fora eu mantinha tudo normal, por dentro eu era um adolescente de novo, também em choque. Ela me olhava um pouco atônita, eu mantinha a posição, não podia voltar atrás.
- Eu seria um mal caminho? -ela perguntou, parecia um tanto quanto nervosa, não mais que eu. Meu coração quase saia pela boca, meu peito queimava. 
- Depende, vai me corresponder? - as palavras saiam automaticamente da minha boca, nossos olhos mantinham se fixos um no outro. Nunca esperei tanto por uma resposta como naquele momento, tentava não pensar, aliás, não havia tempo para isso.
- Tenta e descobre... - ela sorriu, meu peito explodiu. Me pus a caminha em sua direção, questão de uns 5 as 6 passos. Nesse tempo o adolescente dentro de mim estava eufórico "isso aí cara, que demais, quero ser como você quando crescer". 
Acabei com o gosto de cerveja por tabela, tirando isso, foi o primeiro melhor beijo da minha vida, viriam tantos outros, sem cerveja pela frente.
Como dizem, para amores impossíveis, tempo. Mas posso dizer ainda melhor, não se vai a uma festa de mãos vazias, imagina se eu não levo as cervejas?

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